Boletim BIREME n°6: Número especial 50° aniversário

A evolução tecnológica

A cooperação técnica da BIREME vem evoluindo com sucessivos modelos de gestão de informação e comunicação científica, passando a fazer uso intensivo das tecnologias de informação (TI), através do desenvolvimento de produtos e serviços inovadores, alinhados aos avanços e padrões internacionais e atenta à sua missão de democratizar o acesso, a publicação e o uso da informação, do conhecimento e da evidência científica.

O primeiro período correspondente à sua criação, em 1967, até o final da década de 1970,  esteve baseado nas funções essenciais das bibliotecas médicas.O segundo período que se extende  até meados da década de 80, expande a cooperação para o controle bibliográfico e indexação da literatura científica e técnica em ciências da saúde da América Latina e Caribe (AL&C), transformando-se da Biblioteca Regional de Medicina para o Centro Latino-Americano e do Caribe de Informação em Ciências da Saúde. O terceiro período, que compreende o final dos anos 80 e início dos 90 representa a descentralização do controle bibliográfico por meio do desenvolvimento do Sistema Latino-Americano e do Caribe de Informação em Ciências da Saúde, formado por uma instituição coordenadora nacional em cada país da AL&C, fortalecendo a base de dados bibliográficos LILACS. O quarto período vem desde o final dos anos 90 com a adoção da internet como plataforma de produção das fontes de informação científica e técnica em saúde, tendo como marco principal o lançamento da Biblioteca Virtual em Saúde (BVS) em 1998, com a Declaração de San José, Costa Rica, Rumo à Biblioteca Virtual em Saúde, aprovada durante o 4º Congresso Regional de Informação em Ciências da Saúde (CRICS4) [1].

Estes períodos também são marcados pela evolução  da TI e de como a BIREME as adotou para aperfeiçoar o seu trabalho e ampliar as suas funções.

Alguns marcos históricos são relacionados abaixo, demonstrando o emprego da tecnologia pela BIREME no exercício da sua cooperação técnica nestes 50 anos:

  • Em 1972, a BIREME entra para o mundo da informação eletrônica com o uso de um terminal Olivetti, operando através do Satélite Intelsat com a NLM, pelo sistema MEDLINE (antigo MEDLARS). Esse sistema atuava com um acervo de 2.300 revistas, localizadas em 180 bibliotecas médicas operando nos Estados Unidos, nove no Canadá e na Inglaterra e uma na França;
  • Em 1974, o sistema começou a funcionar on-line, com um banco de dados do sistema MEDLINE instalado num computador IBM no então IEA (Instituto de Energia Atômica da USP) e terminais adquiridos pelo PNUD (Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento). O sistema passa a ser operado também em Minas Gerais, Bahia, Espírito Santo e Pernambuco em agosto de 1975, conectados ao mesmo computador.;
  • Em 1977, com a chegada de um minicomputador a BIREME começa o desenvolvimento de sistemas de automatização de biblioteca, do IMLA (Index Medicus Latino-Americano) – precursor da LILACS (Literatura Latino-Americana e do Caribe em Ciências da Saúde, e do RNPT (Registro Nacional de Patologia Tumoral) – sistema de registro de diagnósticos de câncer feitos pelos laboratórios de todo o território nacional;
  • Em meados da década de 80, como menciona o ex-diretor da BIREME, Adalberto O. Tardelli, “a BIREME se beneficiou do avanço das tecnologias de informação, adotando a plataforma MINISIS do IDRC (International Development and Research Centre, Canadá) para disseminar centralizadamente a informação de LILACS e MEDLINE. O emprego de microcomputadores e da plataforma CDS/ISIS da UNESCO permitiu, tanto a entrada de dados bibliográficos descentralizada da base de dados regional LILACS e do catálogo coletivo SeCS, como também a disseminação de informação por meio de LILACS CD-ROM. Com o projeto e desenvolvimento próprio da Interface CISIS, logrou disseminar também a base de dados internacional MEDLINE em CD-ROM”; e
  • Em 1990, como escreveu o ex-diretor da BIREME, Abel L. Packer, na publicação CRB8 Boletim, Jan-Mar de 1990, “… o CD-ROM é o meio ideal e revolucionário para a disseminação de informações. Uma demonstração disto é o êxito do projeto LILACS/CD-ROM. Com cerca de 160 leitores instalados em centros da rede, a Organização Panamericana da Saúde rompeu as barreiras econômicas e tecnológicas que impediam a comunidade de profissionais de ter acesso rápido, eficiente e barato à literatura gerada na região e fora dela. LILACS/CD-ROM é a mais completa e atualizada base de dados na área da saúde, gerenciada pela BIREME…”.

evolucao-tecnologica

Com o surgimento e consolidação da Internet como meio predominante de informação e comunicação, a partir de meados dos anos 90, a BIREME vem aprimorando o desenvolvimento dos sistemas de informação com o uso de padrões internacionais e de software livre e aberto que passou a ser considerado diretriz fundamental para expandir as capacidades de gestão, busca, recuperação e uso de informação em saúde nos países da AL&C, reduzindo barreiras econômicas, tecnológicas e de capacidades humanas, ampliando as possibilidades de reutilização, colaboração e inovação.Em 2005, durante a 4ª Reunião de Coordenação Regional da BVS, nas discussões do grupo de trabalho “Tecnologias de Informação para o Acesso Equitativo à Informação”[2], foi recomendado à BIREME promover uma Rede de Desenvolvedores (RedDes) de tecnologias de informação, com o objetivo de apoiar os projetos regionais coordenados pela BIREME, a interoperabilidade entre suas fontes e fluxos de informação e a acessibilidade de suas interfaces. Em 2017, A RedDes conta com mais de 400 membros registrados em sua mailing list e já realizou 3 encontros regionais (Cuba 2007 [3], Brasil 2008 [4] e EUA 2012 [5]), com uma ampla apresentação, discussão, desenvolvimento e adoção de metodologias e tecnologias alinhadas ao estado da arte internacional.

Nos últimos quatro anos, a BIREME empreendeu esforços para atualizar as soluções tecnológicas utilizadas na sua cooperação técnica, adotando tecnologias abertas, modernas e de relevância mundial em armazenamento e recuperação de dados, sistemas de gestão de conteúdos, desenvolvimento web e qualidade e visualização de dados. Com a sua rede de centros cooperantes vem promovendo uma mudança de paradigma, a qual segue a tendência de software como serviço (SaS). Por exemplo, para cooperar com a LILACS, não há mais a necessidade de instalar e configurar um aplicativo e ter o trabalho de mantê-lo localmente para catalogação e indexação. Agora este trabalho pode ser feito diretamente por um serviço online, disponível pela Internet e hospedado na BIREME.

Com as novas tendências e avanços expressivos relacionados ao big data, internet das coisas, ciência de dados, computação cognitiva, inteligência artificial, aprendizado de máquina, realidade virtual e aumentada, dentre outros, novos caminhos de oportunidades e desafios são abertos à BIREME, apontando, quem sabe, para o seu próximo período.

 

Referências

[1]http://www.paho.org/bireme/index.php?option=com_content&view=article&id=33:historia&Itemid=153

[2] http://bvs4.icml9.org/gt/ti/presentation.php

[3] http://www.eventos.bvsalud.org/EDRedes1/

[4] http://bvs5.crics8.org/agendas/bvs5_desenvolvedores/presentation.php?lang=pt

[5] http://reddes.bvsalud.org/reddes3/

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