Boletim BIREME n. 93

Biblioteca Global de Medicinas Tradicionais OMS: nova etapa de desenvolvimento

O projeto de desenvolvimento da Biblioteca Global de Medicina Tradicional (TMGL, na sigla em inglês) da Organização Mundial da Saúde (OMS) alcançou um marco significativo em novembro de 2024, com a entrega de sua primeira versão funcional. Desenvolvida pela BIREME em apenas três meses, a versão preliminar “alpha” representa um avanço estratégico na gestão do conhecimento e democratização do acesso à informação sobre medicinas tradicionais, complementares e integrativas (MTCI).

O desenvolvimento da TMGL adotou uma abordagem estagiada, baseada em metodologias ágeis, tornando-se o primeiro projeto da BIREME a utilizar integralmente este modelo de gestão. “Conseguimos, em aproximadamente três meses, entregar uma versão funcional que já está sendo testada por usuários selecionados, representando um marco importante na evolução do projeto”, destacou João Paulo Souza, Diretor da BIREME. Essa abordagem permitiu o desenvolvimento rápido e iterativo de funcionalidades, com ciclos contínuos de teste e refinamento, garantindo eficiência e alinhamento com as necessidades dos usuários finais, destacou o Diretor.

Funcionalidades e números expressivos

A versão alfa da TMGL reúne 1,7 milhão de registros, incluindo mais de 1 milhão de documentos em texto completo, provenientes de bases como Medline, LILACS e outros repositórios internacionais. Atualmente, a biblioteca integra 112 bases de dados, 132 jornais especializados e recursos inovadores que facilitam a recuperação e o uso da informação.

Entre as funcionalidades já disponíveis no portal global da TMGL, destacam-se:

Exploração de recursos: Uma interface amigável organiza recursos em categorias como mapas de evidências, bases de dados, periódicos, revisões recentes de literatura e notícias. Os mapas de evidências, por exemplo, oferecem uma visualização dinâmica e interativa de dados provenientes de revisões sistemáticas, permitindo aos usuários navegar facilmente por descobertas científicas complexas, com visualização facilitada das intervenções testadas e efetivas, e incluindo as atuais lacunas do conhecimento.

Navegação por regiões e países: A arquitetura da plataforma estrutura e disponibiliza a informação por localização geográfica, oferecendo ao usuário um mapa interativo para navegação pelas Regiões da OMS. Assim, será possível acessar conteúdo personalizado para regiões específicas, como África, Américas, Europa e outras, promovendo uma experiência localizada e mais apropriada para os contextos culturais. Na versão preliminar atual, estão minimamente funcionais os recursos da seção “Global”.

Busca avançada: Uma ferramenta de busca integrada robusta (iAHx) oferece uma experiência de pesquisa completa, com filtros que permitem refinar os resultados por texto completo, regiões e categorias documentais. Essa funcionalidade suporta usuários na navegação por mais de 1,7 milhão de registros e oferece opções de exportação e envio de resultados, facilitando a recuperação das informações mais relevantes e adequadas.

Product Manager do projeto na BIREME, a bibliotecária Mirelys Puerta Díaz explica que o objetivo é garantir múltiplas e variáveis vias de acesso ao conhecimento buscado pelos usuários. “Cada dimensão ou recurso contribui para consolidar a biblioteca como uma fonte abrangente de informação sobre medicinas tradicionais, complementares e integrativas, oferecendo diferentes pontos de acesso aos usuários”, destacou.

Na “Home” do ambiente de testes do portal global, outros recursos já disponíveis e/ou previstos para entrega na segunda versão preliminar incluem:

  • Seções temáticas dedicadas às “Dimensões de Medicina Tradicional”: Inspiradas na Declaração de Gujarat, as “Dimensões de Medicina Tradicional” estruturam o conteúdo em áreas como “saúde e bem-estar”, “políticas e liderança”, “evidências e pesquisas”, “sustentabilidade e biodiversidade”, “direitos, equidade e ética”, “medicinas tradicionais para a vida cotidiana”, entre outros.
  • Revisões de literatura recente: Seção dedicada a apresentar as mais recentes e relevantes revisões por região, integradas de maneira intuitiva à interface do portal, e promovendo a disseminação de estudos atualizados sobre os temas de interesse para o campo.
  • Histórias em destaque e eventos: A biblioteca também oferecerá uma seção com histórias em destaque e um calendário de eventos, promovendo a disseminação de informações e atualizações globais no campo das medicinas tradicionais.

Próximos passos e impacto global

Com o próximo marco no desenvolvimento do projeto, a TMGL se consolida como uma ferramenta estratégica global para acesso à informação sobre medicinas tradicionais. A entrega da versão beta, prevista para abril de 2025, trará funcionalidades avançadas como perfis por Região e país, além de mapas de evidências e repositórios temáticos. O lançamento final está programado para novembro de 2025, durante a Segunda Cúpula Global de Medicina Tradicional, organizada pela OMS, a ser realizada na Índia.

O desenvolvimento e a operação da TMGL são coordenados por uma equipe editorial multidisciplinar da BIREME, liderada por João Paulo Souza, Diretor da instituição e Editor-chefe da biblioteca. Mirelys Puerta Díaz, bibliotecária sênior e Product Manager da TMGL, coordena os esforços junto a Verônica Abdala, chefe de biblioteca e líder da equipe de Produtos e Serviços de Informação da BIREME. O time também inclui especialistas das áreas de MTCI e saúde pública, como Natalia Sofía Aldana Martinez, tecnologia e design, por Marcos Mori, líder da área de desenvolvimento, e Julio Takayama, responsável pelo design de experiência do usuário (UX). Complementam a equipe Márcio da Silva, Marco Miacci e Márcia Barreto, que atuam no desenvolvimento de webdesign e na infraestrutura de TI do projeto, assegurando a robustez e a funcionalidade da plataforma.

Para João Paulo Souza, Diretor da BIREME, “esta sinergia entre especialistas reflete o compromisso da BIREME com a excelência da TMGL como um recurso global inovador, e resultado disso está refletido na entrega da versão minimamente funcional em tão curto prazo”.

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