Boletim BIREME n° 49

LILACS, um espaço de todos e para todos

LILACS – Literatura Latino-Americana e do Caribe em Ciências da Saúde – foi criada em 1985 com a missão de dar visibilidade e facilitar o acesso à literatura científica e técnica publicada nos países da América Latina e do Caribe e assim contribuir para diminuir a lacuna entre o conhecimento científico e a prática da saúde, e reduzir as inequidades em saúde da Região. Um tremendo desafio que só foi possível alcançar graças ao trabalho colaborativo de uma rede de instituições e profissionais da área da saúde e da informação que conformam o Sistema Latino-Americano e do Caribe de Informação em Ciências da Saúde.

O que a princípio seria apenas uma base de dados como evolução do Index Medicus Latino-Americano (IMLA), se transforma em uma “entidade”, como Renato Murasaki, gerente de Metodologias e Tecnologias de Informação de BIREME, expressa a magnitude que LILACS alcançou. De fato, LILACS é mais que uma base de dados referencial com links para textos completos. LILACS é modelo e metodologia de descrição, indexação e gestão de conteúdos bibliográficos, e é Sistema de Informação composto por redes de coordenadores nacionais, centros cooperantes, editores de revistas, indexadores, comitês de avaliação, pesquisadores e autores.

A LILACS, seja como base de dados, sistema ou metodologia, é um bem público comum e vem sendo amplamente acessada e aplicada em outras bases de dados e instâncias da Biblioteca Virtual em Saúde (BVS) nacionais, temáticas e institucionais nos países da América Latina e Caribe e em outras regiões do mundo. A LILACS é um dos principais resultados do ecossistema do Sistema Latino- Americano e do Caribe de Informação em Saúde e representa a produção científica e técnica da região no Global Index Medicus.

red-lilacs-coordenadoresptAssim, LILACS chega a 35 anos como um bem público e um espaço de todos e para todos, como menciona María Mercedes Estrada, coordenadora nacional da Rede LILACS na Venezuela, em seu depoimento: “LILACS é nossa voz e janela para mostrar a produção científica em ciências da saúde dos países Latino-Americanos e do Caribe, por onde cada país é responsável por garantir a visibilidade de sua produção intelectual.” Ela menciona a estrutura organizativa necessária em cada país, com um centro coordenador nacional, centros cooperantes e editores, para manter suas coleções nacionais e temáticas atualizadas na LILACS, além de um trabalho constante e comprometido.

Elena Primo, diretora da Biblioteca Nacional de Ciências da Saúde do Instituto Carlos III (Espanha) e coordenadora da base de dados IBECS, que adota a Metodologia LILACS para a sua gestão, destacou a LILACS como uma das bases de dados científicas mais longevas e declarou em seu depoimento: “esta trajetória de mais de 3 décadas de funcionamento ininterrupto marca a maturidade e a qualidade do sistema de informação criado e complementa ,o papel das bases de dados de informação nacional e regional, sendo de grande importância, pois são instrumentos que preservam e difundem o conhecimento de uma região […] se não houvesse essas bases de dados, não haveria controle nem registro do que foi produzido nessas comunidades científicas”.

test_rede_pt1Fabíola Sulpino Vieira, especialista em políticas públicas e gestão governamental no IPEA (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada), que é centro cooperante da LILACS, reconhecendo a importância da LILACS na área de políticas públicas, destaca em seu depoimento: “a LILACS é a mais importante fonte de informação técnica e científica de nossa região e eu destaco a sua relevância na disseminação de informação sobre programas, políticas e outras intervenções em saúde que são fundamentais para a tomada de decisão informada por evidências na área da saúde”.

LILACS reúne a contribuição de centenas de centros cooperantes de instituições de saúde de todos os países da Região. São mais de 925 mil documentos publicados na AL&C incluindo artigos de 898 revistas científicas, teses, documentos governamentais e outros tipos de documentos não convencionais.

numeros_ptNos primeiros anos essa contribuição chegava dos países para a BIREME por meio de formulários preenchidos à mão, que eram então ingressados na base de dados. O atual sistema FI-Admin permite a catalogação colaborativa, arquivamento na nuvem, coleta de metadados diretamente das revistas e muitos outros recursos que facilitam a contribuição da Rede e diminuem o tempo entre a publicação e o registro na LILACS.

Para os próximos anos muitos desafios, porém muito boas perspectivas também e se apresentam, considerando que a própria sustentação da LILACS que é a sua rede é sua maior fortaleza e também um de seus maiores pontos de atenção no quesito cobertura e qualidade, A Ciência Aberta é, sem dúvidas, o principal desafio pois demanda atualizações metodológicas e tecnológicas para propiciar a colaboração, o reuso, a redistribuição e a reprodução da pesquisa. No entanto muitos desenvolvimentos já estão em curso como a inclusão de campos de controle como DOI, ORCID, ResearcherID e o lançamento dos novos critérios de seleção e permanência da LILACS e a preparação para inclusão ou relacionamento com repositórios de preprints e de dados de pesquisa.

A LILACS como a Ciência Aberta trazem princípios comuns como a inclusão, justiça, equidade e partilha, e esses 35 anos de solidariedade são uma mostra da responsabilidade e compromisso do Sistema Latino-Americano e do Caribe de Informação em Ciências da Saúde, por meio da LILACS e todas as bases de dados desse Sistema para com essa missão. Não temos dúvida, a Rede LILACS está preparada para enfrentar estes desafios, para seguir promovendo o conhecimento como parte do conceito integral de saúde e bem-estar. LILACS de todos e para todos!

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