A Organização Mundial da Saúde, em seu recentemente lançado informe global 2019 sobre Medicina Tradicional e Complementar, informou que os Estados Membros consideram a “falta de dados de pesquisa” na área o principal desafio enfrentado para avançar nos processos regulatórios para a integração destas nos sistemas e serviços de saúde. Esta percepção é frequentemente embasada no desconhecimento da evidência existente, nas barreiras de acesso existentes (idioma de publicação, acesso pago), e nas dificuldades existentes para interpretar os resultados e as particularidades da pesquisa na área.
Como uma contribuição para facilitar o acesso à evidência disponível, bem como a identificação de lacunas no conhecimento, a BIREME, em colaboração com o Consórcio Acadêmico Brasileiro de Saúde Integrativa, realizou a primeira oficina sobre mapas de evidência em Práticas Integrativas e Tradicionais em Saúde (PICS), no dia 14 de outubro, em São Paulo. A oficina, financiada pelo Ministério da Saúde do Brasil, contou com a presença de 39 participantes provenientes de nove estados das diferentes regiões do país.
Sete práticas foram priorizadas pelo Ministério de Saúde para o projeto de cooperação que possibilitou a oficina: Medicina Tradicional Chinesa (Acupuntura, Auriculoterapia e Práticas Corporais), Fitoterapia, Ioga, Meditação, Reflexologia, Ozonoterapia Bucal, e Shantala (massagem infantil). Para a elaboração do mapa de evidência de cada prática, foram formados o mesmo número de grupos de trabalho. Uma equipe da BIREME e o Consórcio Acadêmico, que facilitou a oficina, coordenam e acompanham o trabalho.
O que são os mapas de evidências?
Os mapas de evidências são um método útil com a função dual de sintetizar a evidência disponível sobre um tema específico e identificar lacunas no conhecimento. Sua elaboração requer uma revisão sistemática da literatura, em conjunto com uma avaliação do tipo e qualidade da evidência disponível. A metodologia fomenta a participação de diversos atores que aportam suas perspectivas para a definição das intervenções e os resultados/indicadores prioritários para avaliação.
Uma característica particular dos mapas de evidência, que os diferencia de outros métodos de síntese, é o uso de representações gráficas (ou dinâmicas, via as bases de dados interativas on-line) que facilitam ao leitor a interpretação dos resultados. Este método também permite a integração de diversos tipos de evidência, e a representação da fortaleza da mesma. Estas características têm convertido os mapas de evidência em instrumentos úteis para a tomada de decisões informadas e a priorização das necessidades de pesquisa para abordar as lacunas no conhecimento.
A BIREME está desenvolvendo uma ferramenta tecnológica que permite a visualização dinâmica on-line dos mapas de evidências nos quais atualmente trabalham as equipes formadas, bem como de outros mapas que serão desenvolvidos no futuro, tanto na área das PICS, quanto em outras áreas do conhecimento em saúde. Espera-se que no futuro possam ser desenvolvidos cursos virtuais sobre esta metodologia, que facilitem a expansão desta modalidade de síntese de evidência em toda a Região.
A aplicação piloto da metodologia desenvolvida pela BIREME foi para a área de Ozonioterapia Médica, disponível em: http://mtci.bvsalud.org/efetividad-clinica-de-la-ozonioterapia-medica/
Sobre o primeiro mapa de evidência: ozonioteorapia médica
Este mapa apresenta as evidências científicas sobre Ozonioterapia Médica distribuídas nas áreas de uso clínico da técnica, assim como as áreas onde carecem de estudos de revisão sistemática de boa qualidade. Foi realizado em colaboração com a Sociedade Brasileira de Ozonioterapia Médica (SOBOM) e apoio institucional da World Federation of Ozone Therapy (WFOT).
Segundo Verônica Abdala, Gerente de Fontes de Informação da BIREME e uma das facilitadoras da oficina, espera-se que este primeiro grupo de mapas de evidências esteja disponível em fevereiro de 2020. Com este projeto, bem como com outras iniciativas, incluindo a BVS Medicinas Tradicionais, Complementares e Integrativas (BVS MTCI Américas), se espera contribuir para aumentar a visibilidade e o acesso das evidências disponíveis nesta área, bem como a identificação de áreas e perspectivas de pesquisa onde é necessário aprofundar.
2 Comentários para "Mapas de Evidências sobre aplicação clínica das Práticas Integrativas e Complementares em Saúde"
Qualificar as evidências para que possamos ampliar ações preventivas.
Evidências Científicas, contribuindo para o embasamento das políticas públicas nos estados