Boletim BIREME n. 79

Boas Práticas nos Processos Editoriais para a LILACS: tem início a edição 2023

As sessões de Boas Práticas nos Processos Editoriais de Periódicos Científicos para a LILACS promovem o conhecimento de temas chave do processo editorial para aprimorar a qualidade, posicionamento e visibilidade dos periódicos em ciências da saúde da América Latina e Caribe indexados na base Literatura Latino-Americana e do Caribe em Ciências da a Saúde (LILACS).

O público-alvo destes eventos são membros de equipes editoriais de periódicos que já estão indexados na LILACS e que pretendam ser indexados, ou ainda publicações que estejam em fase de implementação. Pesquisadores, bibliotecários, e estudantes de ciências da informação, ademais, também poderão se beneficiar dos temas abordados nas sessões online.

A série “Boas Práticas” entra, em 2023, em seu quinto ano consecutivo. As sessões são realizadas em espanhol, e geralmente estão a cargo de especialistas convidados para apresentar os temas, como editores científicos, membros de sociedades científicas, e outros profissionais. Colaboradores da BIREME e da Sede, Centros e Representações da Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS/OMS) nos países também figuram entre os palestrantes. O evento inaugural de 2023 abordou o tema ‘Como os periódicos científicos contribuem para alcançar os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS)’, e contou com quatro palestrantes. 

João Paulo Souza, Diretor da BIREME, abriu o webinar com fala que dá título à sessão. João Paulo lembrou que as questões que mais preocupam e afetam a humanidade hoje – mudanças climáticas, pandemias e a potencial redução de disponibilidade de recursos básicos, como água e alimentos, transcendem fronteiras e países. Os recursos tecnológicos, por outro lado, nos permitem maior interação, ainda que virtualmente, com pessoas de outros países e regiões, e há uma maior integração econômica, política e social. Os ODS, adotados pelas Nações Unidas em 2015, constituem um chamamento universal à ação para eliminar a pobreza extrema, proteger o planeta e assegurar que até 2030 todas as pessoas possam viver em paz e prosperidade. Os 17 ODS estão intimamente relacionados entre si, uma vez que não é possível atingir alguns deles negligenciando os demais. Uma ferramenta que articula todos os setores, no entanto, é a informação. Os periódicos científicos, pondera João Paulo, ao comunicar o resultado das pesquisas e orientar para a prática, contribuem de forma muito relevante para alcançar os ODS. Ao publicar temas de interesse para atingir especificamente os ODS e promovendo o acesso aberto ao conhecimento, os periódicos exercem a democratização do acesso à informação, promovendo ao mesmo tempo, a inovação e a colaboração a nível global. Finalmente, na medida em que os periódicos disseminam o conhecimento orientado à ação e contribuem para o corpus de conhecimento global, também permitem identificar lacunas de conhecimento que podem, por sua vez, orientar o desenvolvimento de pesquisas nesta direção.

A seguir, Damián Vazquez, editor da Revista Panamericana de Salud Pública – RPSP (publicação científica arbitrada oficial da OPAS/OMS) relatou a experiência da implementação das metas do ODS3 – Saúde e Bem-Estar no processo editorial da Revista. Vazquez lembrou que a RPSP completou 100 anos em 2022, “promovendo a comunicação científica regular entre autoridades de saúde da Região”. A Revista vem se dedicando à publicação de artigos relacionados aos temas de saúde prioritários das América Latina e Caribe, e o editor detalhou os processos e critérios por meio dos quais os artigos são selecionados e publicados. A seleção dos artigos submetidos que serão efetivamente publicados passa pela resposta à cinco questões que envolvem o tema, tipo de artigo, seus destinatários potenciais, os objetivos que o artigo pretende alcançar e finalmente quais são as ações de saúde que se deseja realizar. Ademais de responder à estas questões, buscam-se no artigo se este identifica lacunas de conhecimento sobre um determinado tema, se o tema é de especial relevância para um país ou uma região, se se trata de uma emergência local, nacional, regional ou global, se se trata de doenças negligenciadas e se o artigo aporta uma visão institucional (relativa à Organização). Para exemplificar, Damián Vazquez mencionou três categorias de artigos e os relacionou com o tipo de dados que contém; o público-alvo a que se destinam; a função de tipo de artigo; e por fim, o objetivo maior que se pretende ao publicar este artigo, seja a inclusão de um tema na agenda política, estabelecer uma norma ou regulação ou oferecer uma opção de diagnóstico ou tratamento. 

Vazquez concluiu falando da posição singular da RPSP na Região, que ao mesmo tempo em que se posiciona como uma publicação de crescente impacto bibliométrico entre periódicos renomados de saúde pública, atua como um veículo de grande importância nas agendas de saúde dos países, ao disseminar artigos sobre políticas públicas e intervenções em coordenação dos Ministérios de Saúde dos Estados Membros da Organização.

Lilian Calò, Coordenadora de Comunicação Científica da BIREME, teve oportunidade de apresentar o novo Curso Avançado de Comunicação Científica em Ciências da Saúde, lançado em janeiro do corrente ano e resultado de seu intenso trabalho de pesquisa e redação durante 2022. É sabido que a ciência aberta pode ser uma ferramenta poderosa para reduzir as desigualdades que se impõem como um dos empecilhos para atingir as metas dos ODS. É também por este motivo que a Recomendação da UNESCO sobre Ciência Aberta foi adotada em 2021 por unanimidade por seus Estados Membros, estabelecendo uma definição universal, padrões comuns e um conjunto compartilhado de valores e princípios.

Lilian traçou uma linha do tempo para a ciência aberta, com o objetivo de situar os participantes a respeito dos marcos temporais que impactaram na consolidação das práticas de ciência aberta, e que tiveram origem a partir de 1990, ao contrário da noção – equivocada – que muitos possam ter de que estas práticas surgiram há apenas poucos anos. 

Para concluir, Sueli Suga, Supervisora de Fontes de Informação Referenciais da BIREME, apresentou literatura científica e técnica selecionada na base de dados LILACS por meio de estratégias de busca sobre as metas do ODS3 e o minucioso estudo infométrico deste conjunto de referências. A infometria permite determinar quais os autores e instituições que mais publicam temas relacionados a cada meta do ODS3, além dos periódicos onde são publicados, ano de publicação, tipos de estudo e outros dados referente às publicações, como os descritores (DeCS/MesH) associados à cada documento.

A sessão contou com 190 participantes de 20 países, que interagiram com os palestrantes por meio do chat fazendo perguntas e comentários ao final da sessão. Todas as apresentações podem ser acessadas na página do evento, bem como a gravação do webinar.

Novas sessões estão programadas para ocorrer no calendário 2023 das ‘Boas Práticas’ nos meses de junho, agosto e outubro, que serão amplamente divulgadas por meio dos canais de comunicação e redes sociais da BIREME e da LILACS. 

 

Link de interesse
UNESCO. Recomendação da UNESCO sobre Ciência Aberta. Disponível em: https://en.unesco.org/science-sustainable-future/open-science/recommendation

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