O G20 está desenvolvendo um conjunto de princípios sobre a Bioeconomia, um modelo econômico baseado no uso sustentável de recursos biológicos renováveis para gerar bens, serviços, informações e energia. A segunda reunião da Iniciativa sobre Bioeconomia do G20, realizada em Brasília de 07 a 09 de maio, centrou-se no diálogo entre o conhecimento tradicional e a ciência contemporânea. A Organização Mundial da Saúde (OMS) contribuiu com uma perspectiva de saúde, reafirmando a importância do conhecimento tradicional e das práticas tradicionais de saúde na aceleração da saúde e do bem-estar para todos.
A Iniciativa sobre Bioeconomia está sendo liderada pelo Brasil, que exerce a presidência do G20 em 2024. Esse grupo de trabalho está estruturado em três eixos temáticos: ciência, tecnologia e inovação; uso sustentável da biodiversidade; e o papel da bioeconomia na promoção do desenvolvimento sustentável. Serão realizadas mais duas reuniões presenciais da Iniciativa, em junho, em Manaus, e em setembro, no Rio de Janeiro. Os princípios de alto nível sobre Bioeconomia, resultado dessa série de reuniões, serão integrados à Declaração de Líderes na Cúpula do G20, em novembro de 2024, no Rio de Janeiro.
Perspectiva da OMS sobre Saúde e Bioeconomia
Na reunião da Iniciativa do G20 sobre Bioeconomia, em Brasília, a OMS foi representada pelo Dr. João Paulo Souza, Diretor do Centro Latino-Americano e do Caribe de Informação em Ciências da Saúde da Organização Pan-Americana da Saúde (BIREME/OPAS/OMS). Em suas intervenções, João Paulo reiterou a perspectiva da OMS que relaciona a saúde e o bem-estar com a bioeconomia, a biodiversidade e os conhecimentos tradicionais. “O G20 está desenvolvendo princípios para uma transição em direção a um modelo econômico mais sustentável. Nesse contexto, enfatizamos o grande valor que a saúde tem para a economia em geral, e vice-versa, uma importância ainda maior para os modelos econômicos enfocados na sustentabilidade”, disse. João Paulo destacou também a necessidade de preservação e proteção dos conhecimentos tradicionais, defendendo a implementação de políticas de Propriedade Intelectual como estratégia adicional para o desenvolvimento sustentável das comunidades locais que preservam o patrimônio de conhecimento e a biodiversidade.
Durante o encontro, Dr. João Paulo Souza apresentou o trabalho da OMS em relação às medicinas tradicionais, indígenas, complementares e integrativas, incluindo a nova Estratégia Global da OMS sobre medicina tradicional e o Centro Global de Medicina Tradicional da OMS. João Paulo destacou também a histórica atuação da OPAS nesse campo, e em particular, a contribuição da BIREME, que desde 2019 desenvolve a Biblioteca Virtual em Saúde de Medicina Tradicional, Complementar, e Integrativa das Américas (BVS MTCI Américas). Por esse trabalho, a OMS comissionou à BIREME o desenvolvimento da Biblioteca Global de Medicina Tradicional da OMS. “O conhecimento tradicional é a chave para acelerar a descoberta, avaliação e utilização de valiosos recursos da biodiversidade. Preservar a biodiversidade e os conhecimentos ancestrais, e desenvolver um mecanismo pelo qual as populações indígenas e as comunidades locais possam ser beneficiadas é fundamental. Nesse contexto, as Bibliotecas de Conhecimento Tradicional podem fazer a diferença”, destacou João Paulo.
Os próximos encontros da Iniciativa sobre Bioeconomia do G20 estão previstos para os seguintes temas e datas: uso sustentável da biodiversidade para a bioeconomia (Manaus, de 17 a 19 de junho); bioeconomia como promotora do desenvolvimento sustentável em suas três dimensões – social, econômica e ambiental (Rio de Janeiro, 9 a 11 de setembro).
Sobre o G20
O Grupo dos Vinte (G20) é um fórum de cooperação econômica internacional que se concentra em temas como saúde, comércio, desenvolvimento sustentável, agricultura, energia, meio ambiente e mudanças climáticas. O G20 é composto por 19 países (África do Sul, Alemanha, Arábia Saudita, Argentina, Austrália, Brasil, Canadá, China, Coreia do Sul, Estados Unidos, França, Índia, Indonésia, Itália, Japão, México, Reino Unido, Rússia e Turquia) e dois órgãos regionais: a União Africana e a União Europeia. A Presidência do G20 é atualmente ocupada pelo governo brasileiro.