Nos dias 22 e 24 de setembro, a BIREME/OPAS/OMS esteve na Ilha do Marajó, no Pará, com Verônica Abdala, Gerente de Serviços e Produtos de Informação (PSI) em coordenação com a Secretaria de Informação de Saúde Digital (SEIDIGI) do Ministério da Saúde. O objetivo foi conhecer de perto a experiência dos Núcleos de Telessaúde do Pará na oferta de telediagnósticos e teleconsultas, bem como acompanhar eventos que discutiram a transformação digital no Sistema Único de Saúde (SUS) no Estado.
Telessaúde no Marajó: ampliando o acesso às populações tradicionais
Nos dias 22 e 23 de setembro, foi realizado em Soure, no Arquipélago do Marajó, o Fórum Permanente Cidadania Marajó. A iniciativa da sociedade civil organizada tem como missão promover justiça social, reduzir desigualdades e ampliar a equidade no território. O encontro reuniu atores locais e representantes de diferentes setores públicos e comunitários, com o objetivo de articular políticas nas áreas de saúde, educação, cultura, diversidade, enfrentamento à violência e proteção de crianças, adolescentes, mulheres, povos tradicionais e pessoas LGBTQIA+, reforçando a presença do Estado junto às comunidades marajoaras.
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Durante o evento, o Núcleo de Telessaúde da Universidade Federal do Pará (UFPA) instalou um ambulatório temporário para oferecer atendimentos de telediagnóstico e teleconsulta em cardiologia e dermatologia. Em apenas dois dias, mais de 30 pessoas da comunidade foram beneficiadas, demonstrando na prática o potencial da telessaúde para superar barreiras de acesso em uma região marcada por grandes distâncias geográficas e limitações de infraestrutura.
Essa ação se soma ao avanço do Programa Telessaúde no Marajó, que desde fevereiro de 2025 está presente nos 17 municípios do arquipélago, graças à entrega de equipamentos de eletrocardiograma digital pelo PAC SUS. Até agosto, foram realizados mais de 4 mil laudos de ECG — um marco importante, considerando que antes apenas o município de Ponta de Pedras dispunha do recurso.
Para Verônica, Gerente PSI da BIREME/OPAS/OMS, a participação na missão proporcionou uma experiência transformadora: “Foi uma oportunidade única de perceber o impacto concreto que a telessaúde tem na vida das populações que vivem em regiões de difícil acesso. Muitas vezes não é apenas a distância que impede o cuidado, mas a ausência de médicos e de equipamentos básicos como um ECG ou um raio-X. Vivenciar isso no Marajó foi transformador”.
Seminário Saúde Digital no Pará: desafios e inovações
No dia 24 de setembro, Verônica também participou do Seminário Saúde Digital no Pará, realizado no auditório do Centro de Ciências da Saúde e Biológicas da Universidade Estadual do Pará (UEPA). O encontro reuniu gestores municipais e representantes da Secretaria de Informação e Saúde Digital (SEIDIGI/MS), incluindo a secretária Ana Estela Haddad, para discutir estratégias de implementação e expansão do Programa SUS Digital.
Entre os principais temas, destacaram-se a interoperabilidade entre sistemas por meio da Rede Nacional de Dados em Saúde (RNDS), a unificação de registros de usuários do SUS via CPF e a consolidação de uma governança de dados que transforme registros em informação qualificada para a gestão. O Pará foi apontado como estado-piloto para novos modelos informacionais da RNDS, incluindo Registro de Exames Laboratoriais, RAC Teleconsulta e RAC Teleinterconsulta.
Plataforma SUS Digital e visão sistêmica
As experiências vivenciadas nos dois eventos alimentam o desenvolvimento da Plataforma SUS Digital, iniciativa coordenada pela BIREME/OPAS/OMS com a SEIDIGI/MS. A plataforma funcionará como hub de informações, projetos, serviços e aplicações do Programa SUS Digital, além de aproximar cidadãos, gestores e profissionais de saúde.
Segundo Verônica Abdala: “Participar de encontros como estes é uma oportunidade de ouro para compreender a abrangência do Programa SUS Digital e as conexões entre suas diversas ações. Esse olhar sistêmico será essencialmente representado na Plataforma SUS Digital que estamos desenvolvendo”.
Produção audiovisual: histórias do Marajó
A missão também resultou na gravação de um documentário. As filmagens registraram atendimentos, depoimentos de pacientes, profissionais de saúde e gestores municipais, tanto no campus da UFPA em Soure quanto em unidades básicas de saúde e consultórios em Belém.
O material dará origem a dois documentários sobre a chegada da Telessaúde às comunidades quilombolas e ribeirinhas do Marajó, que serão publicados na Plataforma SUS Digital, reforçando a visibilidade do impacto dessas ações na vida das pessoas.