Boletim BIREME n° 49

LILACS: trajetória de compromisso e inovação para acesso à informação científica e técnica em saúde da América Latina e Caribe

A LILACS completou 35 anos no dia 29 de outubro de 2020, mas sua história começou muitos anos antes, de várias maneiras e se confunde com a história da BIREME que foi criada em 1967 por representar a experiência e evolução de uma área e de uma instituição que foi criada como centro MEDLARS do sistema internacional de informação da National Library of Medicine dos Estados Unidos, e que sempre teve a missão de democratizar a informação científica e técnica para responder aos problemas de saúde pública e de pesquisa em saúde dos países da região.

lilacs35-trayectoria0ptEm 1976, a BIREME recebeu a recomendação do Comitê Científico para criar um índice bibliográfico da literatura da Região e em 1977 a BIREME iniciou a indexação de 44 periódicos latino-americanos que estavam indexados no MEDLINE.

Em 1979, foi concluída a primeira edição do IMLA – Index Medicus Latinoamericano, que triplicou a disponibilidade de revistas científicas para 150 títulos de 18 países da Região e marcou o avanço da atuação da BIREME como uma biblioteca que disponibiliza as informações científicas e técnicas existentes o controle bibliográfico de periódicos latino-americanos e caribenhos e o fortalecimento das iniciativas nacionais de pesquisa e publicação científica na área, que culminou em 1982 com a mudança da denominação de BIREME para Centro Latino-Americano e Caribenho de Informação em Ciências da Saúde.

lilacs35-trayectoria1ptEm 1985, foi lançada a LILACS – Literatura Latino-Americana e do Caribe em Ciências da Saúde, com ênfase na cobertura temática de Saúde Coletiva. Os principais avanços foram:

  • Ampliar o escopo dos tipos de literatura, incluindo além de revistas, monografias, teses e documentos não convencionais;
  • Descentralizar a coleta, seleção, descrição bibliográfica e indexação para os centros cooperantes dos países da América Latina e Caribe;
  • Utilizar a metodologia do Manual de Referência UNISIST (UNISIST, 1980) para estruturação de registros bibliográficos para índices bibliográficos e ao invés de catálogos de bibliotecas, seguindo adaptação feita pelo CELADE (CEPAL/ONU) para sua base de dados DOCPOP (Documentação sobre População);
  • Tecnologicamente, a operação foi baseada no sistema CDS/ISIS da UNESCO que operava nos computadores desktop recém-lançados.

Outro marco importante foi a publicação do DeCS – Descritores em Ciências da Saúde e a criação da categoria Saúde Coletiva em 1986, que possibilitou a indexação temática da documentação com termos em português e espanhol (tradução dos Medical Subject Headings da National Library of Medicine).

lilacs35-trayectoria2ptEm 1987, foi criado o Sistema Latino-Americano e do Caribe de Informação em Ciências da Saúde, que estabeleceu a governança da rede por meio da figura do Centro Coordenador Nacional e áreas especializadas responsáveis pela liderança das ações da LILACS no país; Centros Cooperantes, Bibliotecas e Unidades de Informação responsáveis pela compilação e registro da produção das instituições para a LILACS; e os Centros de Informação da OPAS, como meios de ação da BIREME nos países.

Para a criação do Sistema, redes nacionais de informação em saúde aderiram ou foram formadas para participar da iniciativa:

  • Sistema Nacional de Documentação ou Informação Biomédica SINADIB (Venezuela) – fundado em 1974
  • Sistema de Informação em Saúde (Equador) – fundado em 1977
  • Rede Colombiana de Informação em Ciências da Saúde (Colômbia) – fundada em 1985
  • Renics – Rede Nacional de Informação em Ciências da Saúde (Argentina) – fundada em 1986
  • Repebis – Rede Peruana de Bibliotecas de Saúde (Peru) – fundada em 1987
  • Surenf – Sub-Rede Brasileira de Enfermagem – fundada em 1987
  • Redidosah – Rede de Informação Documental em Saúde em Honduras – fundada em 1987
  • Rede Boliviana de Informação em Saúde (Bolívia) – fundada em 1988
  • SIEO – Sistema de Informação Especializado em Odontologia (Odontologia) – 1991[1]

lilacs35-trayectoria3ptJá em 1988 foi lançado o CD-ROM LILACS com informações científicas de 26 países e foi o primeiro CD-ROM de dados científicos do mundo. Nesse período, a descentralização foi alcançada por meio deste CD-ROM e da distribuição de 110 desktops para os principais centros cooperantes.

No período, ocorreram missões de capacitação dos centros cooperantes da BIREME para contribuição com a LILACS e em 1992 ocorreu a descentralização da avaliação e seleção dos periódicos indexados na LILACS para os coordenadores nacionais e temáticos do Sistema e o lançamento do DBAC (Descrição Bibliográfico auxiliado por computador) e DCAC (descrição de conteúdo auxiliado por computador) para uso em rede.

lilacs35-trayectoria4ptA partir de 1994, a LILACS foi disponibilizada para acesso à Internet na interface modo texto e em 1996 com interface web com interface de busca iAH – (Interface de Acesso à Informação em Saúde) e utilização do sistema LILDBI com consulta ao DeCS integrado no sistema.

Em 1996, a BIREME realizou um estudo de avaliação de 311 periódicos Latino-Americanos indexados em MEDLINE e LILACS com o objetivo de definir um modelo de formulário que pudesse servir para a análise inicial dos periódicos candidatos à indexação na LIILACS.

Em 1998, foi lançada a interface da Biblioteca Virtual em Saúde, contando com a LILACS, SciELO – Scientific Eletronic Library Online, o acervo de periódicos com acesso ao texto completo e fontes de informação, Diretório de Eventos, Localizador de Informações em Saúde e Portal do Revistas científicas em seu acervo.

Em 2000, ocorreu a sistematização do processo de seleção de periódicos para a LILACS e foi realizada a primeira Reunião do Comitê de Seleção de Periódicos da LILACS Brasil (ad hoc) para início da indexação em 2001.

Em 2003, foi lançado o processo LILACS-Express, que consiste na coleta de dados SciELO para publicação na LILACS para dar rápida divulgação e visibilidade da produção na base, mas os registros continuaram sem indexação temática.

O ano de 2006 foi marcado por uma grande atualização metodológica com o objetivo de compatibilizar a Metodologia LILACS com o formato MARC para promover o desenvolvimento de bases de dados para registro de produção em outros formatos e suportes como vídeos e fotos, e essa atualização culminou no lançamento de nova versão do LILDBI-Web.

lilacs35-trayectoria4ptNo ano seguinte (2007), foi lançado o sistema LILACS-Express, que abriu a possibilidade para editores de periódicos indexados na LILACS, mas não indexados na SciELO, enviarem seus dados e terem os registros o mais rápido possível.

Em 2008, os Critérios de Seleção e Permanência de Revistas incluem a recomendação de dar acesso aberto às publicações indexadas na LILACS e o processo de avaliação das revistas para a LILACS Brasil passa a ser realizado com a documentação publicada em site próprio, sem impressão e sem envio de documentação por correio.

Em 2009, foi constituída a Comissão de Avaliação e Seleção de Revistas LILACS Brasil, composta por membros representantes das áreas de Medicina (Clínica e Cirúrgica), Saúde Pública (incluindo Nutrição), Farmácia, Educação Física (Fonoaudiologia, Fisioterapia, Terapia Ocupacional e Medicina Esportes), Ciências Biomédicas, Odontologia, Psicologia e Enfermagem.

Em 2010, foi lançado o portal de busca LILACS e realizado o primeiro curso a distância sobre Metodologia LILACS oferecido à Rede Brasileira de Informação em Ciências da Saúde.

Em 2012 foi publicada a Recomendação sobre Acesso Aberto e Conteúdo Online na LILACS e lançado o LILACS Submission, sistema de envio de dados de contribuição para a LILACS (arquivos em formato ISO que antes eram enviados por e-mail).

lilacs35-trayectoria6ptEm 2014, com o objetivo de melhorar a qualidade dos registros que traziam links para os textos completos, foi lançado o sistema Links do Social Check, para identificar e corrigir links quebrados na LILACS. Neste mesmo período, foi lançado o sistema FI-Admin para Diretório de Eventos e Localizador de Informação em Saúde como teste para sua utilização na administração da LILACS.

Considerando os bons resultados obtidos no teste, em 2016 foi lançado o módulo de registros bibliográficos no sistema FI-Admin, um sistema online de gerenciamento da LILACS e a migração da LILACS da plataforma ISIS para FI-Admin, da plataforma MySQL

Em 2017, foram iniciados os treinamentos e reuniões mensais da LILACS na plataforma virtual. Neste primeiro ano, foi oferecido um curso introdutório à indexação de documentos pela Metodologia LILACS e reuniões da Coordenação LILACS.

No mesmo ano, foi recomendado aos coordenadores da LILACS a constituição de Comitês de Avaliação e Seleção de Periódicos para indexação na LILACS e ocorreu a migração da Bibliografia Brasileira de Odontologia – BBO para o sistema FI-Admin.

lilacs35-trayectoria7ptEm 2018, com o Programa de reconhecimento e incentivo à participação da Rede LILACS no CRICS10, mais de 100 membros da rede foram premiados e participaram do evento. Ocorreu também a criação da Rede de Indexadores de Documentos segundo a Metodologia LILACS.

Em 2019, em comemoração aos 34 anos da LILACS, foi lançado o novo portal LILACS e realizada a primeira consulta pública sobre os novos critérios de seleção e permanência de periódicos na LILACS, incluindo atualizações para Ciência Aberta.

Em 2020, foi lançado o critério de seleção e permanência de periódicos na LILACS e encerramento do sistema de Submissão LILACS, finalizando o último sistema que dava a possibilidade de contribuir para a LILACS utilizando a tecnologia ISIS.

lilacs35-trayectoria8ptNeste momento a história da LILACS não está fechada, pelo contrário, ainda existem muitos desafios como o legado do ISIS que ainda está em uso na rede para a gestão de bases de dados nacionais e temáticas; a interoperabilidade de sistemas com metadados muito mais simples e que não trazem a estrutura mínima necessária para contribuição com LILACS; a gestão e a formação contínua da rede para cobrir toda a literatura relevante e de qualidade e, sem dúvida, a Ciência Aberta, com mudanças importantes nos fluxos de publicação científica que impactam os editores de periódicos e a LILACS em seus processos de Produção. Mas, da mesma forma que a LILACS chega aos 35 anos com sustentabilidade e maturidade, continuará junto com a Rede, que é o ativo mais importante nesta missão de fornecer evidências científicas para responder aos problemas de saúde da América Latina e o Caribe.

Saiba mais em: https://lilacs.bvsalud.org/35anos/linha-do-tempo/

[1]BBO – Bibliografia Brasileira de Odontologia é uma base de dados Odontológica que teve sua publicação iniciada em 1966, mas a rede foi fundada em 1991. Esta base de dados fazia parte do CD-ROM LILACS da 17ª edição.

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