Não é novidade que a área da saúde é interdisciplinar e que muitos setores produzem e usam conhecimento científico relacionado à saúde nas suas decisões, planos e pesquisas. Mas daí a imaginar que os produtos, serviços e sistemas de gestão da informação na área da saúde são interoperáveis, conversam entre si e se complementam, é algo que ainda requer muito trabalho.
O reflexo desta situação é a dispersão da informação em diferentes sites, portais e plataformas de informação, a duplicidade de esforços para registro da informação e, em muitos casos, uma menor visibilidade desta e, para os usuários, maior dificuldade para encontrar informação relevante para as decisões em saúde em todos os âmbitos.
Foi com esta preocupação que especialistas em Políticas Públicas e Gestão Governamental, do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA), buscaram a BIREME e solicitaram a inclusão da importante produção científica e técnica do Instituto relacionada à saúde, na base de dados LILACS. Poderia ser algo simples se o sistema de indexação usado pelo IPEA fosse interoperável com o sistema FI-Admin utilizado para registro de documentos na base de dados Literatura Latino-Americana em Ciências da Saúde (LILACS) e outras bases de dados da Biblioteca Virtual em Saúde (BVS). Não foi este o caso, entretanto. A opção alternativa seria registrar a produção do IPEA na LILACS, como novos registros no FI-Admin, sem aproveitar o registro que já existia no sistema do IPEA, e esta opção teria que ser regularmente realizada considerando as futuras publicações do Instituto. Esta opção se mostrou inviável.
Começou, então, um trabalho das equipes técnicas considerando os prós e contras das opções, a análise de viabilidade técnica e operacional. A decisão foi partir para a interoperabilidade entre o sistema SophiA, que adota formato MARC, e o sistema FI-Admin, que adota a Metodologia LILACS, com a coleta de dados via serviço OAI-PMH. Foram alguns meses de trabalho que envolveu análise do conteúdo, forma de estruturação dos campos de dados, compatibilização dos campos de dados, adaptação do sistema SophiA, padronização dos conteúdos registrados, testes de coletas e tratamento de dados.
Em paralelo, tanto a Coordenação Geral de Documentação e Informação (CGDI) como o Departamento de Economia da Saúde, Investimentos e Desenvolvimento (DESID), ambos do Ministério da Saúde do Brasil, foram consultados sobre a indexação de cinco periódicos do IPEA na base de dados Coleciona-SUS e incorporação dos registros das publicações do IPEA na base de dados ECOS (Economia da Saúde), o que foi prontamente aceito.
Ao final da etapa piloto, 80 registros selecionados conforme critérios de seleção das três bases de dados foram publicados no sistema FI-Admin, como teste do processo que resultou em sucesso.
Assim, motivados pela importância deste trabalho, o IPEA organizou e promoveu o Seminário “Gestão da Informação em Saúde: as Contribuições da BIREME e do IPEA ao Processo Decisório de Políticas e Programas de Saúde”, ampliando a discussão sobre a relevância do uso da evidência técnico-científica na tomada de decisão em saúde, para além da experiência da BIREME e do IPEA com o projeto de indexação da produção em saúde do IPEA na base de dados LILACS. O Seminário aconteceu em Brasília, no dia 29 de março de 2019, no Auditório Divonzir Gusso.
Mais detalhes sobre interoperabilidade entre sistemas IPEA-LILACS
Passada a etapa de testes para coleta e compatibilização de dados dos registros de publicações da área da saúde do IPEA na LILACS, destacam-se os seguintes resultados:
– Identificação de 565 publicações do IPEA da área da saúde na base de dados da instituição;
– Carga e publicação de 300 registros de publicações da área de economia da saúde nas bases de dados LILACS, Coleciona-SUS e ECOS;
– Análise das publicações pelo IPEA e publicação do seguinte Relatório Institucional: Gestão da Informação em Saúde produzida e/ou publicada pelo IPEA, de autoria da Fabíola Supino Vieira e Jhonathan Divino Ferreira dos Santos.
O que vem pela frente:
– Finalização da preparação dos registros do IPEA para contribuição com LILACS, Coleciona-SUS e ECOS;
– Continuidade do processo de registro conforme processo estabelecido;
– Redação e submissão de artigo relatando a experiência para um periódico científico; e
– Análise infométrica da contribuição do IPEA na Biblioteca Virtual em Saúde (BVS).