Boletim BIREME n° 55

Curso de comunicação científica em ciências da saúde no idioma português é inaugurado

Resultado de uma iniciativa da Organização Pan-Americana da Saúde/Organização Mundial da Saúde (OPAS/OMS) por meio de seu Centro Latino-Americano e do Caribe de Informação em Ciências da Saúde (BIREME) e a unidade de Gestão do Conhecimento (KM) da OPAS, ambas partes integrantes do Departamento de Evidência e Inteligência para a Ação em Saúde (EIH, em sua sigla em inglês), foi lançado em 27 de abril o Curso Introdutório de Comunicação Científica em Ciências da Saúde em português.

Esta versão do curso, escrito originalmente em espanhol e inaugurado em novembro de 2019, foi viabilizada por meio do apoio da Coordenação-Geral de Informação e Documentação da Secretaria de Assuntos Administrativos do Ministério da Saúde no marco de um Termo de Cooperação por meio da Representação da OPAS/OMS no Brasil.

A sessão online de lançamento contou com 292 participantes de 12 países e foi moderada pelo Diretor da BIREME, Diego González, que deu as boas-vindas ao Subsecretário de Assuntos Administrativos do Ministério da Saúde, Cezar Wilker Tavares Rodrigues. O Subsecretario valorizou a parceria com a OPAS/OMS por meio da BIREME e reconheceu a importância de aperfeiçoar o processo de publicação de resultados de pesquisa científica por meio da redação adequada de artigos e informes, convidando a todos a se inscrever no curso.

A seguir, representando Socorro Gross, Representante da OPAS/OMS no Brasil, Miguel Aragon, Consultor em Doenças Transmissíveis e Determinantes Ambientais da Saúde, afirmou que a comunicação científica é uma prioridade para a OPAS/OMS e para seus Estados-Membros, especialmente no momento atual da pandemia de Covid-19, onde observamos um enorme fluxo de informação científica e não científica através das redes sociais, se referindo à falsa informação sobre a doença veiculadas nos meios de comunicação, desafiando a sociedade e as autoridades de saúde. Aragon salientou, ademais o caráter universal do curso, que, por estar disponível virtualmente, pode ser acessado por interessados especialmente nos países de língua portuguesa – fortalecendo a cooperação técnica da Organização para além da região das Américas.

ccs1Diego González destacou que “é importante considerar que “o que não se publica não se sabe” e na região das Américas existe uma enorme riqueza de pesquisas e experiências que devemos saber comunicar e dar visibilidade. Este é um dos principais objetivos deste curso, e é uma prioridade para organismos internacionais como a OPAS/OMS”, ao introduzir a Assessora Regional para Gestão do Conhecimento e Redes da OPAS/OMS, Eliane Pereira dos Santos.

Eliane Santos falou sobre Comunicação científica: uma prioridade para a OPAS/OMS num diálogo composto por quatro elementos: Geração do conhecimento: produção de evidências; necessidade de informação: evidências para a ação; circulação: novas necessidades de informação, reutilização; e Acesso: no contexto da produção de novos conhecimentos. Além disso sua apresentação situou o componente da informação e evidência científica como eixo que orienta a cooperação técnica no âmbito da Organização.

A história da criação do veículo de informação científica oficial da Organização, a Revista Panamericana de Salud Pública, se confunde com a própria história da Organização quando, em 1920, seus Estados Membros concordam pela criação do Boletín Mensual Panamericano de Sanidad, que evoluiu até o formato atual de um periódico arbitrado, trilíngue, em formato digital e que publica o estado da arte da pesquisa em saúde pública pautada nas prioridades globais e regionais, indexada nas bases de dados mais prestigiosas e que goza de reconhecimento internacional.

A OPAS/OMS como parte de sua estratégia em fomentar a pesquisa científica na Região, busca desenvolver capacidades em comunicação científica. Neste sentido, o Curso de comunicação científica que inauguramos hoje vai ao encontro dos objetivos da Revista Panamericana de Salud Pública e de outros periódicos publicados na região, o de aperfeiçoar a qualidade dos manuscritos recebidos para publicação, e de familiarizar os autores, avaliadores, bibliotecários e todos os atores envolvidos no processo com os mecanismos envolvidos nas várias etapas da publicação científica.

Diego González mencionou que “este curso está destinado a pesquisadores, autores, editores científicos, profissionais e técnicos de saúde, estudantes de graduação e pós-graduação e outros profissionais das áreas de ciências da saúde e correlatas que tenham interesse em fortalecer suas capacidades de redação de artigos, informes e outros textos científicos. Chegou o momento de ouvir os autores do curso, Lilian Calò, Coordenadora de Comunicação Cientifica e Institucional da BIREME/OPAS/OMS e Damián Vazquez, Editor- Executivo da Revista Panamericana de Salud Pública da OPAS/OMS”.

Lilian Calò dedicou sua exposição ao debate científico na mídia e na sociedade, recordando que o acesso aos benefícios do progresso científico é um direito humano pouco estudado e pouco desenvolvido, apesar de ser reconhecido pela Declaração Universal dos Direitos Humanos. Recordando a Recomendação sobre Ciência e Pesquisa Científica da UNESCO, adotada por 195 Estados Membros na 39° Conferência Geral da Organização em 2017, cujo objetivo é fortalecer a ciência, tecnologia e inovação, incluindo as publicações científicas e os resultados de pesquisa, Lilian cita a Recomendação sobre Ciência Aberta que será submetida à 41° Conferência Geral das Nações Unidas, a ocorrer em novembro deste ano. Ao recomendar que o conhecimento científico se torne aberto, acessível e reutilizável para todos e que se abra o processo da criação do conhecimento científico, avaliação e comunicação para toda a sociedade, além da comunidade científica, fica evidente o quanto necessitamos da universalidade do conhecimento científico e de seus benefícios, principalmente em tempos de pandemia da Covid-19.

unesco-recommendation“A BIREME, como Centro Especializado da Organização Pan-Americana da Saúde em informação científica e técnica, segue resoluta em sua missão de prover conhecimento, evidência e informação para a tomada de decisão. Com o Curso introdutório de comunicação científica que hoje inauguramos vamos ao encontro do objetivo da OPAS/OMS, por meio da BIREME, de melhorar a qualidade e aumentar a quantidade de relatos resultantes de pesquisa científica e observação clínica. E seguimos, por meio de nossos produtos e serviços, informando sobre saúde e estendendo o debate científico à toda a sociedade” destacou Lilian Calò.

O Diretor da BIREME salientou que a versão em espanhol do curso, lançada em novembro de 2019, conta com mais de 15 mil inscritos e mais 7,5 mil concluíram o curso. Analisando o perfil dos participantes, mais de 50% são profissionais de Atenção primária em Saúde (médicos e profissionais de enfermagem) com idades entre 18 e 35 anos, o que mostra o interesse destes profissionais em aperfeiçoar suas técnicas de redação de artigos científicos.

Dando continuidade à sessão, Damián Vazquez, Editor-executivo da Revista Panamericana de Salud Publica e coautor do curso, detalhou a estrutura e os objetivos do curso, começando por lembrar que assim como a publicação científica é um trabalho em equipe, desenvolver um curso sobre comunicação científica, também é, e reconheceu a participação dos colegas de diversas áreas técnicas da Organização e do Ministério da Saúde do Brasil para a concretização deste objetivo.

curso_ccs“No âmbito científico, o propósito comunicativo principal de um texto é transmitir informação”. E aspectos desta comunicação como a gramática, ortografia, pontuação e claridade influenciam na forma como esta informação é compreendida pelo leitor. Na comunicação de um texto científico, estes aspectos – e outros mais – se tornam ainda mais críticos do que na literatura em geral. É por isso que a correta nomenclatura e a observância de normas técnicas ao se referir a medidas, nomes de fármacos, enfermidades, organismos vivos, e outros obedece a regras estritas.

O curso detalha, ademais, inúmeros aspectos para escrever corretamente um artigo científico, desde o título e o resumo, passando pela seleção adequada de palavras-chave, e as seções típicas do artigo, como introdução, metodologia, resultados, discussão e bibliografia. Outros aspectos tratados pelo curso são os critérios de autoria, ética e conflitos de interesse na publicação, como selecionar um periódico para submeter um artigo e em qual idioma escrever para ter maior visibilidade após a publicação.

O curso online de autoaprendizado, explica o Editor-executivo, pode ser realizado no ritmo de cada participante; é introdutório por não requerer conhecimentos prévios para sua realização; aborda um panorama amplo de conceitos e temas de interesse sobre comunicação científica; está integrado à bases de dados e diretórios; os conceitos fundamentais são respaldados por normas internacionais; dispõe de listas de leituras recomendadas e material de apoio; o aprendizado é baseado em videoaulas seguidas de exemplos e exercícios para sedimentar os conceitos introduzidos; e finalmente, os que são aprovados com no mínimo 70% de acerto nos exercícios propostos de cada uma das seis aulas, recebem um certificado emitido pelo Campus Virtual de Saúde Pública da OPAS/OMS.

Diego González mencionou os comentários elogiosos dos participantes no chat, parabenizando a OPAS/OMS, bem como os autores do curso pela iniciativa e importância do tema, passou a palavra a Sebastián García Saisó, Diretor do Departamento de Evidência e Inteligência para a Ação em Saúde da OPAS/OMS para os comentários de encerramento da sessão.

Sebastián Garcia dirigiu-se inicialmente ao Subsecretário de Assuntos Administrativos, Cezar Wilker Tavares Rodrigues, agradecendo o apoio do MS nesta iniciativa, bem como à Representante da OPAS/OMS no Brasil, Socorro Gross. Ao salientar o papel que o acesso à informação e evidências científicas afeta a tomada de decisão de cada indivíduo da sociedade a cada momento, Sebastián Garcia contextualiza a importância da comunicação científica e consequentemente da literacia em comunicar os resultados de pesquisa na América Latina e Caribe. Assim, a comunicação científica assegura a correta geração, disseminação, acesso e uso à informação que permitirá tomar a decisão correta no momento adequado. A disponibilidade do curso em português permitirá, ademais, alcançar usuários em países além das fronteiras das Américas.

Estendendo o convite para que todos os participantes divulguem o curso em suas redes institucionais e pessoais, Diego González agradeceu a presença de todos e encerrou a sessão.

O curso em português está disponível em acesso aberto no Campus Virtual de Saúde Pública.

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